Agricultura regenerativa faz produtor goiano reduzir custos e ampliar produtividade

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Agricultura regenerativa faz
produtor goiano reduzir custos
e ampliar produtividade

Foto: Adriano Cruvinel / Crédito: Divulgação

Adriano Cruvinel, referência em Goiás em agricultura sustentável, participa de encontro com agricultores no Sindicato Rural de Rio Verde

Quando o custo de produção aumentava, reduzindo a margem de lucro da fazenda, a lógica praticada historicamente pelo agronegócio brasileiro era expandir a área dedicada ao cultivo. Com mais terras para plantar e em solo fértil, os ganhos voltavam a crescer.

O que parecia caminho obrigatório deixou de ser opção quando os lucros do agricultor Adriano Cruvinel foram pressionados. Produtor de Montevidiu, região de Rio Verde, Goiás, decidiu rever o processo usado para o cultivo para melhorar os ganhos.

“Aquilo nos assustou porque se houvesse qualquer frustração de safra a propriedade poderia ir para o vermelho e ficar devendo, o que me levou a visitar outras propriedades, como a do Rogério Vian, em Mineiros, onde conheci os insumos biológicos”, lembra Cruvinel, citando produtor referência em produção sustentável. “Ali descobri que havia outra forma de se fazer agricultura, esta que estamos praticando nos últimos anos, que é a agricultura regenerativa”.

O agricultor contará um pouco desta história em um encontro gratuito sobre agricultura de princípios, nesta terça-feira (31), no Sindicato Rural de Rio Verde. Também participa do encontro, o campeão em produtividade de soja Laercio Dalla Vecchia.

Cruvinel é engenheiro agrônomo, formado pela Universidade de Rio Verde e filho de agricultor. Junto com ele, tocam a Fazenda Bom Jardim Lagoano, construída pelo sogro Lázaro R. Cruvinel em 1897, o grupo familiar, com participação da esposa, da sogra e da cunhada. São 1.450 hectares dedicados ao cultivo de grãos e que nunca haviam recebido insumos biológicos até a safra 2015/16.

Sem experiência com os microrganismos, a família decidiu iniciar a aplicação em apenas um talhão da fazenda, com 46 hectares. Os testes realizados ao longo do primeiro ano surpreenderam o agricultor, que conseguiu reduzir em 16%, nesta área, os custos de produção.

“O principal diferencial neste primeiro ano foi conseguir diminuir a quantidade de fungicidas, de três para uma aplicação só, e retirar uma aplicação de inseticida”.

Na safra seguinte, após os resultados obtidos na primeira temporada de testes, Cruvinel levou os biológicos para o restante da fazenda. Segundo ele, os números comprovam o bem que os biológicos fizeram para a terra e também para o negócio.

Em 2015/16, o custo por hectare era de 51,6 sacas de soja e uma produtividade de 56,8. No primeiro ano de aplicação total, em 2017/18, o custo despencou para 26,8 e a produtividade registrada foi de 63 sacas.

Com o passar dos anos, a lucratividade ficou ainda maior. Enquanto o custo da safra 2021/22 foi de 16,8 sacas de soja, a produção atingiu 80,69 sacas, a maior média histórica da fazenda, enquanto os vizinhos da propriedade fecharam em torno de 75 a 78 sacas.

“Nos seis anos de agricultura regenerativa, a média de produção foi 68,5 sacas por hectare, contra 60,5 sacas dos seis últimos anos de manejo apenas com químico, sendo que os seis anos com o novo manejo foram muito mais difíceis em termos de clima, e ainda assim conseguimos manter uma boa média de produção”, comenta Cruvinel.

O agricultor cita como exemplo a safra 2020/21, em que enfrentaram estiagem na soja de 51 dias. “Mesmo com toda esta janela sem chuva ainda conseguimos fechar em 64 sacas por hectare”.

Potássio sem cloro

Como parte da adoção da agricultura regenerativa, Cruvinel e a família deixaram de aplicar na lavoura mais de 43 mil litros de fungicidas nos últimos seis anos. Na próxima safra, a fazenda ampliará o uso de potássio sem cloro, deixando de aplicar 365 toneladas de adubação química, cloreto de potássio — com o equivalente a 37,5 mil quilos de cloro que seriam lançados sobre a terra.

Os testes com o potássio brasileiro, produzido em Minas Gerais e livre de cloro, começaram há três anos e na última safra permitiram que o agricultor reduzisse para um quinto o uso de cloreto de potássio importado, ao utilizar uma tonelada do produto brasileiro por hectare.

“Nos 18 talhões da fazenda, a variedade que a gente plantou, 73i75, o peso de mil grãos dela é em torno de 190, 195 gramas. A nossa aqui, atingiu média de 221 gramas, estamos falando de densidade de grão que também é estimulada com a agricultura regenerativa”.

Com o dinheiro economizado com os químicos e fungicidas, o agricultor passou a investir na fazenda, melhorando máquinas e equipamentos, além de alojamentos de funcionários. Cruvinel, agora, é um defensor da agricultura de princípios e estimula outros agricultores a escolherem este mesmo caminho, que, segundo ele, permitiu reassumir o controle sobre a produção, aumentando a rentabilidade e diminuindo os riscos inerentes da atividade, que são altos.

“Esta crise de fertilizante, não estamos tão preocupados com ela hoje porque a gente consegue ir ali em São Gotardo (MG), a 630 quilômetros, e puxar o potássio sem cloro, por exemplo, ou buscar o calcário ou pó de rocha em Goiânia. Ou seja, estamos falando de maior autonomia para o agricultor sem depender tanto de terceiros”, afirma.

Além de integrar a Associação dos Produtores de Agricultura Sustentável (APAS), a fazenda de Cruvinel foi certificada pelo Grupo Associado de Agricultura Sustentável e recebeu o selo GAAS, que confirma o compromisso do produtor em produzir alimentos de qualidade. A propriedade também integra o Fórum do Futuro, formado por cientistas e instituições, que tem o objetivo de estimular o uso de práticas sustentáveis de manejo.

São esforços que, segundo o produtor, valorizam a terra e asseguram alimento de qualidade para as próximas gerações.

“O Plano Diretor da fazenda já prevê a transição para a próxima geração da família, prevista para a década de 2030, e a nossa intenção é entregar para os nossos filhos um solo muito mais vivo e sem problemas com pragas”, conclui.

Serviço

Rio Verde/GO

Data: 31/05/2022

Horário: 18h

Local: Sindicato Rural de Rio Verde – Rua 72 Q, 22 – Bairro Popular, Rio Verde

Inscreva-se: https://potassiobrasileiro.com.br/laercioemrioverde/

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