Caiado: cidadão que pratica violência
não pode ser servidor público
Projeto Todos por Elas propõe que empresas promovam combate às agressões e incentivem
quebra de comportamentos discriminatórios e excludentes do corpo feminino no ambiente de trabalho.
Até pouco tempo existia um silêncio conivente, em que as leis eram aplicadas dependendo da condição de quem praticava a violência”, destaca governador
Além das consequências criminais, os agressores de mulheres devem ser impedidos de manter ou tomar posse de cargos no serviço público. A afirmação foi feita pelo governador Ronaldo Caiado durante lançamento do programa Todos por Elas, nesta quarta-feira (07/04), na sede da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). “O cidadão que pratica qualquer grau de violência não pode ser servidor público. A exclusão desse cidadão da função supera qualquer norma constitucional de estabilidade”, assegurou.
A iniciativa da Acieg visa levar conteúdos informativos, em vídeos e interativos, em uma plataforma on-line, para capacitar e fomentar o debate sobre a violência contra a mulher. Acompanhado da presidente de honra da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), primeira-dama Gracinha Caiado, o governador disse, ainda, que “até pouco tempo existia um silêncio conivente, em que as leis eram aplicadas dependendo da condição de quem praticava a violência”. Segundo ele, “esse tumor foi lancetado e, hoje, independente de condição social, econômica e financeira, essas pessoas não têm guarida”.
O projeto, que conta com apoio da Universidade Alves de Faria (Unialfa) e da agência de publicidade Quântico, propõe que as empresas aliadas e associadas promovam o combate à violência de gênero e incentivem a quebra de comportamentos discriminatórios e excludentes do corpo feminino no ambiente de trabalho.
A primeira-dama Gracinha Caiado elogiou a proposta e garantiu a colaboração do Governo de Goiás. “Estamos unidos para dar basta aos crimes de gênero. Estado e setor privado devem trabalhar juntos na proteção das vítimas e prevenção aos crimes”, ressaltou.
A coordenadora do GPS fez um balanço sobre as ações realizadas na gestão de Ronaldo Caiado, como a implantação do Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher. Entre agosto de 2019 e janeiro de 2021, as forças de segurança de Goiás realizaram cinco operações policiais que tiveram como alvo acusados de violência sexual e crimes relacionados à Lei Maria da Penha. “Foram 459 violentadores tirados das ruas. Em 2020, foi criado o Batalhão Maria da Penha, que já realizou mais de 2 mil acompanhamentos de medidas protetivas, averiguações de denúncias e apoio policial”, relatou.
Também presente, mas de maneira remota, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, reconheceu os esforços de Caiado em prol da proteção das mulheres. “Este governador é tão envolvido com o tema que quando ele não vem pessoalmente aqui, no Ministério da Mulher, buscar programas e recursos, ele manda a primeira-dama e, na sequência, todos os secretários”. Para a ministra, a educação é uma das formas mais eficazes para combater a violência. “A gente começa a conversar com os homens e começa a perceber que eles têm capacidade de mudar esse comportamento”, declarou Damares.
Presidente da Acieg, Rubens Fileti contou sobre como surgiu a ideia de lançar o projeto, logo após receber diversas reclamações de empresários sobre os problemas que têm com os colaboradores. “Os relatos de inúmeras agressões chegaram à entidade. Com isso, o Todos por Elas nasceu, efetivamente, das reclamações e do nosso sentimento de inconformismo, de sentir que precisávamos fazer algo”, pontuou.
Selo
As empresas que fizerem parte do Todos por Elas vão ganhar certificados com selo de aliada no combate ao feminicídio, emitido pela Acieg. O selo será concedido após todos os funcionários da empresa terem concluído o curso disponibilizado na plataforma. Conforme a vice-presidente da Acieg, Marisa Carneiro, as palestras serão divididas em seis módulos, entre 10 e 15 minutos, com perguntas ao final. “Precisamos conscientizar as pessoas sobre os efeitos devastadores na vida das mulheres e também dentro do núcleo familiar”, e acrescenta: “Acreditamos que trazer essas informações para dentro das empresas pode impactar um número considerável de pessoas”.
Ao representar o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), desembargador Carlos Alberto França, a desembargadora Sandra Regina comentou sobre a luta das mulheres que há décadas necessitam de medidas que “transformem suas vidas”. “Por isso, assumimos o compromisso institucional de apoiá-las por meio de ações, campanhas e projetos que objetivam mudar a cultura discriminatória e violadora dos seus direitos”, concluiu.