O Brasil é o maior produtor de frutas cítricas. Porém, ter citros de qualidade depende da eficaz proteção fitossanitária no campo
Os números são grandiosos. O Brasil produz todos os anos cerca de 20 milhões de toneladas de laranja, limão e tangerina. Com isso, somos o maior produtor de frutas cítricas do mundo, representando cerca de 25% de total global. “Entretanto, essas culturas se desenvolvem em constante risco sanitário, tendo em vista a infestação de insetos e de ácaros, a incidência de fungos e também plantas daninhas. Alguns destes problemas podem causar até 85% de perda nos pomares”, informa presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Julio Garcia.
“Seis em cada dez copos do suco de laranja consumidos no planeta são da fruta brasileira. Nosso país é o maior exportador global de laranja”, destaca Garcia, complementando que o Brasil é uma potência no cultivo de outras plantas do gênero citrus, como os variados tipos de limão e de tangerina – também conhecida como mexerica e bergamota.
“A área de cultivo dos citros também é grande. São 592,8 mil hectares de laranja, 56,7 mil de limão e 52,9 mil de tangerina. No total, isso equivale a 702 mil Maracanãs espalhados pelos estados brasileiros. A produção gera R$ 12,1 bilhões aos agricultores. Mas com a incidência de pragas e doenças, como a mancha preta, pode haver prejuízo superior a R$ 10 bilhões por ano. O risco é constante e precisa ser controlado”, comenta o presidente do Sindiveg, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um importante problema fitossanitário é o psílideo (Diaphorina citri). “Esse inseto é vetor de importantes bactérias do grupo Candidatus Liberibacter, causadoras do greening, doença sem cura e que pode ser ‘transmitida’ de uma árvore para outra”, explica Julio Garcia. “Os ácaros da falsa ferrugem e da leprose também assustam produtores do país, com prejuízos de 20% a 100% das plantações se não houver o tratamento adequado.”
Com importância econômica também na Austrália e na África do Sul, a mancha preta é causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa e pode impactar a maturação e causar queda prematura dos frutos. Outro fungo perigoso é o Colletotrichum acutatum, que ocasiona a podridão floral. Essa doença produz lesões e mantém os cálices das flores retidos nos ramos das árvores por até 18 meses. “Estima-se que seis frutos sejam perdidos a cada 100 cálices retidos”, relata o dirigente.
A solução para essas ameaças altamente impactantes para a produção das frutas cítricas e a própria sociedade é proteger os pomares. “A indústria, por meio da ciência e da tecnologia, está empenhada em auxiliar os agricultores a vencer mais esses desafios. Temos recursos modernos para controlar pragas, doenças e daninhas, que se espalham facilmente devido ao clima tropical e, rapidamente, podem criar resistência”, salienta a diretora executiva do Sindiveg, Eliane Kay.
Eliane aponta que defensivos, usados de forma correta e segura, protegem os citros sem causar prejuízo à qualidade dos cultivos e à segurança das frutas oferecidas à população. “Antes de serem comercializadas, as soluções são testadas e submetidas a um longo e rigoroso processo de avaliação, que leva em média 5 anos até a liberação para uso. Essa é a garantia de que esses insumos são benéficos para agricultores, comerciantes e consumidores”, finaliza.
Produção regional
O Estado de São Paulo é o maior produtor de citros do país, com 78% da colheita de laranja, 74% de limão e 34% de tangerina. Em segundo lugar aparece Minas Gerais, com 6% da produção de laranja, o mesmo percentual para o limão e 21% para a mexerica. Entre os cinco maiores produtores brasileiros de laranja, ainda estão Paraná (com 4,1% do total), Bahia (3,5%) e Sergipe (2,1%), segundo o IBGE.
Na produção de limão, o Pará supera Minas, com 7%. No levantamento, a Bahia aparece com 5% e o Rio de Janeiro com 1,4%. O território fluminense também repete a quinta colocação na produção das bergamotas, com 4% do total colhido no país, atrás de Paraná (14,6%), Rio Grande do Sul (15,1%), Minas e São Paulo. Toda as 27 unidades da federação (26 estados e o Distrito Federal) produzem laranja, 26 cultivam limão e 22 têm tangerinas.
Informações de qualidade
O Sindiveg disponibilizou de forma gratuita uma plataforma de ensino à distância (com certificado) para os interessados em conhecer melhor o universo dos defensivos agrícolas, tão essenciais para garantir alimentos na mesa da população e o sucesso da economia. O portal também conta com curso sobre a relação entre agricultura e apicultura, uma ação do programa Colmeia Viva. Basta se inscrever no site www.sindiveg.org.br/cursos.
Sobre o Sindiveg
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) representa a indústria de produtos para defesa vegetal no Brasil há 80 anos. Reúne 27 associadas, distribuídas pelos diversos Estados do País, o que representa aproximadamente 40% do setor. Com o objetivo de defender, proteger e fomentar o setor, o Sindiveg atua junto aos órgãos governamentais e entidades de classe da indústria e do agronegócio pelo benefício da cadeia nacional de produção de alimentos e matérias-primas. Entre suas principais atribuições estão as relações institucionais, com foco em um marco regulatório previsível, transparente e baseado em ciência, e a representação legitima do setor com base em dados econômicos e informações estatísticas. A entidade também atua fortemente para promover o uso correto e seguro, levando conhecimento e educação aos produtores e respeitando meio ambiente, leis e normas. Para mais informações, acesse www.sindiveg.org.br.