Lissauer define a trajetória de vida de seu pai, um dos pioneiros do agronegócio no sudoeste goiano: “veio para servir”

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Lissauer define a trajetória de vida de
seu pai, um dos pioneiros do agronegócio no
sudoeste goiano: “veio para servir”

Dezenas de autoridades goianas lamentaram a morte de Carlos Vieira e destacaram
seu papel para o desenvolvimento do setor produtivo goiano

O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira, ainda bastante emocionado após a morte de seu pai, o empresário e produtor rural Carlos Vieira, no último dia 21, evidencia a trajetória de vida e o legado deixados pelo patriarca, um dos precursores da plantação de soja em Rio Verde, no sudoeste goiano. Seu Carlos, como era chamado, veio do Rio Grande do Sul para Goiás no final da década de 80, e conforme definido pelo governador Ronaldo Caiado em homenagem a ele, “revolucionou e transformou o agronegócio da região”.

Faltando apenas sete dias para completar 82 anos, Carlos Vieira faleceu em São Paulo, onde estava internado, devido à falência múltipla de órgãos provocada por uma bactéria. Ele deixa esposa, dona Cecília Zanella Vieira, também gaúcha, e seis filhos: além de Lissauer, o caçula; Vera Susi, Ana Amélia e outros três, os gêmeos José Valdir e José Valmir e Júlio César, frutos de relacionamentos anteriores.

“Uma coisa que jamais vou deixar de levar para o resto da vida são os ensinamentos que aprendi com o meu pai. Ele era um homem trabalhador, íntegro e visionário, me repassou as coisas mais nobres que sei até hoje e que eu aplico em tudo que eu faço e ensino aos meus filhos. Só posso agradecer a Deus por ter tido um homem exemplar como pai, que deixou um legado inspirador”, afirmou Lissauer.

Trajetória de vida

Nascido em Ijuí (RS), Carlos Vieira morava na zona rural e começou a trabalhar cedo com o pai, Joaquim Rodrigues Vieira, no cultivo de arroz e milho no estado do Rio Grande do Sul. Apesar de ter estudado apenas até a 4ª série do ensino fundamental, seu Carlos herdou da família o gosto por administrar, aprendendo na prática a lidar com o agronegócio. Aos 18 anos arrendou uma fazenda e iniciou sua história na agricultura.

Inicialmente, plantava milho e soja, mas poucos anos depois comprou um caminhão e deu início ao transporte e venda de sementes para outros estados. Logo, fundou a empresa TransCarlos, que comprava, vendia e transportava cereais para alguns estados, incluindo Goiás.

“A partir daí meu pai começou a vir para Goiás e decidiu que queria investir nessa região. Então ele comprou uma terra no sudoeste goiano e decidiu iniciar o cultivo de soja ali, sendo pioneiro nesse segmento em nosso estado, o que para nós é motivo de muito orgulho, pois hoje Goiás é um dos estados que mais produzem soja em todo o país”, destacou Lissauer.

O governador Ronaldo Caiado, que na última terça-feira, 22, cancelou sua agenda para ir até a Assembleia de Deus de Rio Verde prestar a última despedida ao seu Carlos, destacou a importância do empresário para o desenvolvimento do agronegócio na região sudoeste. “Ele deixou uma história de vida. Ninguém acreditava, ele chegou em Goiás, ensinou as pessoas com a sua fibra, com a sua garra, de homens que revolucionaram o nosso estado, que mudaram a história de Goiás. Ele é um deles e aqui transformou essa cidade, como disse o prefeito (de Rio Verde) Paulo do Vale, foi uma referência”, afirmou o governador.

Patriarca da família Vieira

Outra referência deixada por seu Carlos é na área familiar. No mesmo dia de seu sepultamento, 22, ele e dona Cecília completaram 53 anos de casamento. A relação do casal sempre foi inspiração para toda família Vieira, especialmente os seis filhos e 18 netos. Lissauer ressaltou, em discurso de homenagem ao pai, que os familiares continuarão unidos, assim como o patriarca sempre desejou. “Ninguém tá preparado para esse momento, mas nós vamos ser fortes, porque ele merece a nossa alegria e ele sempre quis que nós vivêssemos em união e é isso que nós vamos fazer”.

Seu Carlos também era muito querido na cidade por amigos e familiares, que o consideravam um grande ser humano. “A convivência com o seu Carlos era espetacular, ele sempre era um cara otimista, brincalhão, cheio de novos planos, novas ideias, ele era uma pessoa assim, deslumbrante. Dificilmente a gente vai ter uma pessoa com esse entusiasmo, esse exemplo de vida”, disse o amigo e também produtor rural, João Van Ass.

Nas últimas palavras da homenagem, Lissauer também reverenciou a conduta do pai. “Todos que estão aqui, que conheceram ele em sua essência, ou mesmo aqueles que conviveram pouco, mas não existe uma só pessoa, e não falo isso só porque ele partiu, mas não existe uma pessoa que tem a reclamar da conduta desse homem. Eu tenho certeza de que ele está no melhor lugar do mundo”, concluiu Lissauer emocionado.

Além de uma relação muito amigável, Lissauer tinha várias coisas em comum com o pai. A primeira delas é a paixão pelo agronegócio, já que antes da vida pública, o chefe do Legislativo trabalhava como produtor rural ao lado do pai. Outra característica mútua é a vida pública. Carlos Vieira foi candidato a prefeito de Coronel Bicaco (RS), cidade natal de Lissauer e onde a família viveu por muitos anos antes de se mudar para Goiás. Apesar de não ter assumido a função, ambos sempre defenderam que é a política é a melhor forma de ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas.

“Com o meu pai aprendi a trabalhar duro, ajudar as pessoas e tentar melhorar aquilo que podemos, fazendo o nosso melhor. Isso não só na política, mas em qualquer área que a gente for mexer. E esse é o grande segredo para as coisas darem certo”, frisou Lissauer.

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